quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Meu Barco

Não me deixes à guisa
Desse mar revolto
Que tem sido o meu desejo de ti
Tampouco me transforme em menos
Do que já tenho sido
Se perdido estou, a culpa é sua
Se sou barco à deriva
Foi pelo seu mar que me tornei assim
E se o vento do leste
Me leva como folha à perdição
Desse seu peito que pulsa
E me enlouquece de vez
Ah,
Já nem sei mais quem sou
Sou eu, sou você
Sou nós.
Se viajo do Nilo ao Morto
Se encontro o continente perdido
Dentro desse seu olhar de lua
Se sou pirata nesse seu mar aberto
Se sou palhaço nesse seu picadeiro
Se sou presa nessas suas garras
É só meu desejo em chamas
Que estacionado está, no degrau mais baixo
Das minhas necessidades
É esse desejo que me destrói
Para posterior reconstrução
Que me chama à sombra
Do que tu tens sido em mim


Lila Gomes
Para o morador do meu peito

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Palavras Tortas?

Num tempo certo
Demarcado na consciência
Me sobem pelo corpo
Palavras tortas.
Sem nexo.
Me perco nelas,
Elas se perdem
em mim.
E sobre minha cabeça
Se juntam
E tudo é só poesia
E tudo faz sentido
E nada faz sentido
Se me encontro onde me perdi
E me perco onde me encontrei
Sou poesia de fato
Pobre e sem rima
Nada importa
É completa a ausência de sonhos
Pois que tudo já é
E só é
REALIDADE


Lila Gomes
Para Moisés, com muito carinho...