domingo, 20 de dezembro de 2009

Só...

Sinta-se só com a noite
Quando ao seu lado
Um papel esperar a escrita
Sinta-se só com o adeus que não foi forjado
Apenas aconteceu...

Sinta-se só como a gameleira
Que de tão frondosa
Chega a assustar
Mas continua solitária
Assistindo o mundo girar...

Sinta-se só por sua escolha
Não me culpe
Tampouco me julgue
Apenas me assista te virando as costas
E indo embora...

Sinta-se só, apenas
Como tantas vezes me senti também
E outros beijos, outros braços
Poderão até te consolar
Estou indo embora...


Lila

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Natal, hipocrisia coletiva.

Semente leve... até voa...
Tão leve, quase transparente...
Mas em sua tamanha fragilidade
Brotará certamente em lugar inesperado
E fincará raízes que irão sustentar árvore frondosa!


É chegado o Natal. Novamente se instala a hipocrisia coletiva. Pessoas circulam em frenesi pelos shoppings, lojas, ruas. O trânsito caótico. A chuva completa o cenário. Mas, afinal, o que é o Natal? Não seria o aniversário do Cristo?
E é.

Imagino então, o Cristo a comemorar o próprio aniversário. Como Ele agiria em pleno século XXI? Seria um gastador compulsivo? Correria atrás de todas as vaidades e seria cada vez mais vazio? Não, sei que não: Ele é humildade suprema. Caridade Absoluta. Amor incondicional.
Dentro desta visão sinto-me cada vez mais o “peixe fora d’água”, a “borboleta no aquário”, como diria Humberto.
Às favas com o Natal, show monetário! Com o movimento instalado, como se o mundo, insistentemente, fosse “acabar” no dia 25 de dezembro.
Não vai!
A vida vai continuar. E o que é pior... Com a realidade crua de se encontrar, logo depois da “festança”, sobre as mesas, dentro de gavetas, amontoados de faturas, dívidas contraídas na maioria das vezes, sem necessidade, que estarão à espera de liquidação... dane-se, pague... e que seu espírito permaneça tranqüilo!
Ainda hoje pude ver um senhor descarregando seu “lixo” na caçamba: caixas e mais caixas, embalagens de bens duráveis, adquiridos, com certeza, nessa época e provavelmente a prazo.
O consumismo coletivo até pode ser explicado pela injeção de capital que o 13º salário provoca na economia. Mas, “detonar” tudo, tendo como desculpa o Natal, é exatamente o que o comércio induz, prenuncia e espera.
É o que, certamente, o Cristo não faria questão...
A cultura, o senso comum de que no Natal, as forças “financeiras” devem e precisam ser levadas à exaustão é uma ciranda e não pode parar, mas, é exatamente aí onde “mora” o perigo.
Não seria a hora, agora, de seguir o exemplo Dele?
HUMILDADE! Esse deveria ser o tópico de consumo para se ter reservas para o que nos vem pela frente!
Olhar para o futuro próximo. É possível prever toda sorte de compromissos financeiros que virão junto com o novo ano.
E aí?
Será que os abusos conscientes da véspera do natal serão lembrados?
E a estória se repete, ano a ano:
Janeiros, fevereiros, marços...
Sufoco financeiro!
E o Cristo? Onde esteve?
Provavelmente esteve por aí, entre os menos afortunados, entre os que tinham em suas casas, apenas e tão somente o pão.

Fica aqui a proposta, então: convidemos o Cristo para passar o aniversário Dele na nossa casa. Não precisa muito. Ele não “repara”. Sirvamos o que possuirmos, se possuirmos. Só de abrirmos a porta para Ele, já O faz feliz... talvez seja esse o melhor aniversário DELE!
Pensemos nisso. Consumamos sim. Mas só o que for realmente necessário.
Vale lembrar que Ele foi o melhor professor de todos os tempos: Economia, bom-senso, espiritualidade... matérias pré-requisitos umas das outras... comecemos por aprender a humildade...
Ser humilde é uma “matéria” difícil, mas o resultado pode ser surpreendente! Ele, Cristo, pode nos dar nota 10.

LilaGomes

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Saudade

Ainda beijo seu beijo.
Rio seu riso.
Ouço a respiração,
Entrecortada, vejo o desejo...
Que é o todo que possuo – limitada que sou.
Sigo aplaudindo de pé.
Depois da cortina fechada.
Quando todos já se foram...
Ainda o sinto, e como sinto,
Nessa membrana doce que envolve o sonho,
Mesclado de tantas cores,
Velado por tantas luzes.
E a paisagem que outrora nos encantou,
Permanece a mesma,
Enquanto sou desencanto.
Só essa sua presença...
Que de tão doce,
Chega a escorrer em mim...
Possuindo-me completamente...
Regendo-me a vida,

Como se orquestra fosse.

por Lila Gomes 10/12/09 22:28 hrs

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Não posso explicar... mas posso sentir.

Leia-me assim como a um verso
Como hoje o fez – sentindo-me triste
Conheça minhas nuances
Sem que eu as descreva

Leia-me em meus tropeços
E veja-me como Dona de tudo e detentora do nada
E entenda-me ébria
E ame-me sóbria

Faça em mim sua leitura
Como ao livro aberto e exposto
No qual não há entrelinhas
Apenas toda e toda sensatez

Sinta-me distante, quase ausente
Quando deveras eu esteja
Seja sucinto ao resumir-me
Como tens feito, sem que eu o peça

Ame-me como a natureza permitir
Complete-me como sabes que preciso
E deixe-me viver sob o engasgo da lágrima
Que teimarei em suprimir

Por Lila Gomes
07/12/09 - 22:12 hrs