domingo, 5 de abril de 2009

Equidade?

Encosto num canto a vassoura
Que em minhas mãos treme
Como se fosse capaz de voar
Se eu não houvesse
Perdido as aulas de treino

E olho novamente pela janela
Agora já não só com meus olhos humanos
Tento enxergar coisas que vão além disso
O andar que oculta o mistério da ida
Sem a certeza da volta

O homem carrega o peso
Que talvez um animal suportaria
A mulher engana o estômago
Que reclama por não mais aguentar
A mentira que ouvirá, a cada vez que reclamar.

Enquanto isso
Aqui nas bandas do luxo
Joga-se fora, todos os dias.
Muito mais do que o suficiente
Para que eles possam viver

Tudo é contraste
Choque de realidades distintas
Mãos feridas de calos, mãos que se ferem de tão finas.
E na minha consciência do certo,
Isso é dor por demais doída

Faço uma comparação
Do sonho e da realidade
Do que se apregoa
E do que se realiza na prática
Ambos estão confusos

E o meu conceito de coerência
De caridade e amor
Onde ficou?
Onde foi exatamente, que o perdi?
Eu não sei...

E a imagem que vejo da janela
Torna-se um reflexo de mim
Linda e saudável por fora
Mas apodrecendo por dentro
Pelos efeitos nocivos, que me causam a omissão.

E já não me agrada mais o que vejo.
Cada dia diferente.
Mutante, como são os sonhos.
E a miséria me incomoda
A falta do básico me destrói

Essa impotência me faz sonhar muito mais
Sonhos já não tão possíveis
Quase utópicos até
Com um Estado mais justo
Onde todas as esferas cumpram seu papel

Onde equidade, a famosa justa medida
Não seja apenas,
Uma bonita palavra
E vale lembrar, Sr. Estado
Que eu conheço os seus caminhos

Conheço sua tendência doentia
Em bancar o Robin Hood ao contrário
E socorrer a banda do luxo
E deixar a outra, a do lixo
Morrer de inanição

Esquecida, como tudo o que incomoda deve ser.
Deixando propositadamente
Que homens e animais se misturem aos restos
E que sobrevivam
Que driblem sua fome e sua doença, se puderem...

Lila

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